No dia 14 de agosto de 1385, faz hoje 640 anos, nos campos de Aljubarrota, forjou-se uma das páginas mais luminosas da nossa História.
Nesse dia, ao fim da tarde, o povo português ousou dizer “não” ao jugo estrangeiro. Ali, sob o comando de D. João I, com a coragem de D. Nun'Álvares Pereira, Portugal fez-se vontade de ferro, muralha inquebrável e chama viva.
Aljubarrota foi mais do que uma batalha: foi a materialização do espírito português, forjado na determinação de resistir, na coragem de enfrentar o impossível, e na certeza de que a soberania não se negocia, mas sim se conquista e se preserva.
A vitória de Aljubarrota é também a prova de que a união em torno de uma causa justa é capaz de derrubar gigantes, de transformar o improvável em realidade e de inscrever para sempre no imaginário coletivo a lição de que Portugal resiste quando o seu povo acredita e age em uníssono. É a memória viva de que a independência e a soberania exige mais do que palavras — exige a determinação de não vergar quando nos debatemos por uma causa justa!
Amanhã, dia 15 de agosto, outra data se inscreve na nossa história recente: a fundação do Grupo dos Amigos de Olivença, em 1938.
Nesse dia não houve espadas desembainhadas nem lanças em riste, mas o espírito era o mesmo — o de resistir e manter acesa a chama da identidade e da justiça. Nasceu o GAO com a mesma teimosia que, séculos antes, vencera em Aljubarrota: a de não aceitar a perda de Olivença como um facto consumado, a de não deixar que o silêncio e o esquecimento fossem as lápides de uma terra portuguesa.
Não ignoramos que a nossa batalha se trava hoje noutros campos — na opinião pública, nos corredores do poder político, na preservação dos registos e mapas que dizem a verdade sobre o território.
Se Aljubarrota nos recorda o dia em que afastámos o jugo externo, Olivença lembra-nos a ferida ainda aberta na nossa soberania. Uma memória que resiste ao esquecimento exigindo à História reparação. Ao longo de 87 anos, o Grupo dos Amigos de Olivença tem sido guardião desta memória, como sentinela que vela pela integridade do território nacional, trabalhado para que essa verdade não se apague, preservando a memória e denunciando a injustiça da sua ocupação.
O paralelismo é inevitável: tal como os homens e mulheres que, em 1385, enfrentaram forças superiores com a confiança de quem “crê e quer para vencer”, também o GAO trava uma luta desigual. Tal como em Aljubarrota, a nossa luta é desigual — pequena em meios, mas imensa em razão. Somos herdeiros dessa fibra que não se dobra, e guardiões de uma causa que não pertence apenas a alguns, mas a toda a nação portuguesa. Essa desigualdade não nos intimida, antes nos inspira, porque sabemos que a justiça histórica está do nosso lado e porque reconhecemos que a vitória, tal como em Aljubarrota, começa no espírito — na recusa de desistir. Não por simples teimosia, mas por firme crença que a justiça prevalecerá.
Tal como Aljubarrota foi e é símbolo de união, e como foi essa união que conduziu à vitória, também Olivença deve congregar todos os portugueses, independentemente de ideologias ou geografias, pois trata-se de uma causa nacional e de uma causa justa. A força que outrora ergueu lanças e defendeu trincheiras, hoje deve erguer consciências e fortalecer vontades, para que Portugal, inteiro e coerente consigo mesmo, saiba resgatar o que é seu.
Ao celebrarmos estas duas datas, estamos a celebrar um mesmo ideal. Em Aljubarrota, Portugal provou que a sua soberania não era negociável. No trabalho diário do GAO, reafirmamos que Olivença é Terra Portuguesa, e que a Pátria não se cumpre enquanto houver pedaços de si afastados do seu seio.
Porque quem acredita e luta por Portugal nunca está sozinho — está acompanhado pela História, pela razão e pelo futuro que deseja construir, e assim, tal como em 1385, dizemos com orgulho e determinação: enquanto houver quem creia e queira, haverá quem vença.
Olivença é Terra Portuguesa!
Direção do Grupo dos Amigos de Olivença